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Artigo: O que ainda podemos esperar do PIX?

PIX veio facilitar e trazer economia a vida dos usuários

Entenda as vantagens do pagamento instantâneo e como funciona pelo mundo

Todos devem ter percebido o destaque e o sucesso que o PIX, novo meio de “pagamento instantâneo” criado pelo Banco Central, teve nestas últimas semanas. Isto foi gerado pela novidade, pela quebra de paradigmas que ele trouxe, e logicamente pela série de vantagens e facilidades para as pessoas e as empresas.

Os “pagamentos instantâneos” podem ser realizados entre pessoas, empresas e governo. Desta forma uma empresa pode pagar o salário dos seus funcionários, uma pessoa pode pagar seus impostos para o governo e uma venda entre um comerciante e um cliente pode ser realizada. Tudo isto de forma simples, em poucos segundos, em qualquer dia e horário (7 dias por semana e 24 horas por dia).

Para as pessoas físicas temos a transferência imediata e gratuita de dinheiro, em alternativa ao DOC, ao TED e Cartões. Mas o consumidor final não é o único a ser beneficiado pelo novo sistema de pagamento, as empresas também foram beneficiadas. Apesar que para as empresas algumas das operações terão um custo, que é bem menor do que as opções atuais (Cartão de Débito, DOC, TED, entre outras).

O novo método de pagamento começou a funcionar no dia 16 de novembro e, segundo informações do Banco Central, já conta com mais de 83 milhões de chaves cadastradas, sendo 79,8 milhões de pessoas físicas. Na primeira semana de funcionamento foram realizadas 12 milhões de operações que movimentaram R$ 9,3 bilhões.

O volume é bastante significativo, mas tende a ficar ainda maior quando o modelo for completamente implementado. Pois ainda estamos na fase inicial e podemos considerar que o esforço da implementação do PIX pelo Banco Central pode ser dividido em três etapas:

A primeira etapa é a das operações entre os correntistas (Pessoa Física ou Pessoa Jurídica), que já está em pleno funcionamento;

A segunda etapa é a das transações comerciais que também já começaram, mas que ainda não tiveram a evolução planejada. Isto ocorreu porque os “Grandes Bancos” (PSPs que concentram a grande maioria das Chaves) claramente priorizaram as operações entre os seus correntistas, deixando as operações com as empresas em segundo plano;

A terceira fase será as operações complementares, tipo saque de valores com o PIX direto no comércio (sem usar ATMs).

Com o pleno funcionamento do PIX daremos um grande passo para acabar, ou pelo menos diminuir drasticamente com os milhões de “sub-bancarizados” existentes no Brasil. Calcula-se que 50 milhões de brasileiros não tem conta corrente em bancos, ou tem somente um acesso restrito a estes serviços.

Pagamentos Instantâneos pelo Mundo
O Brasil poderia aproveitar o PIX para ampliar o Projeto do “Governo Digital”, assim como a Índia fez na última década. Eles criaram o Aadhaar (palavra hindi que significa “a base de algo”), que é uma identidade digital, e conseguiram cadastrar 90% da população nos últimos anos.

O sistema reúne dados sobre data de nascimento, endereço e filiação, além da impressão digital. Tudo isso, convertido em cadastros eletrônicos, tem substituído documentos físicos quando o cidadão indiano requisitar acesso a 24 tipos de serviço público, como os programas de transferência de renda, as vagas em creches e o crédito agrícola oficial. Além disso, é utilizado para os pagamentos instantâneos, como o PIX.

Em 2019 as operações com “pagamento instantâneo” na Índia cresceram em média 150%, com uma média de 50 bilhões de transações por ano e com 1,27 bilhões de “Chaves” autorizadas. Chegando em uma média de 40 transações por Ano/Chave.

No Reino Unido, onde o “pagamento instantâneo” é realizado pelo número de telefone, o destaque também se dá pela alta frequência de uso. Pois em 2019 a média foi de 36 transações por Chave.

Na China as operações de “Cashless” (Carteiras digitais, pagamento instantâneo, celulares/NFC, etc) já são uma realidade há muito tempo, e já superaram em muito as operações com papel moeda. Estima-se que 1 bilhão de chineses usam frequentemente este tipo de transação, com uma grande concentração nos Apps Alipay (do Grupo Alibaba) e o WeChat (similar ao WhatsApp, da Tecent). E agora está crescendo a utilização do “reconhecimento facial” para substituir o QRCode.

É uma revolução digital que serve de lição para países em que a burocracia estatal é ainda um estorvo, como ocorre no Brasil. Se tivesse algo similar a isto não teríamos tantos problemas e falcatruas no auxílio emergencial criado agora na pandemia do Covid-19. E nos Estados Unidos (EUA) não precisaria ser enviado milhões de cheques pelos Correios, bastaria uma operação de “pagamento instantâneo”.

Tanto que o “Federal Reserve” (Banco Central Americano) já informou que irá acelerar a adoção do “FedNow” (similar ao nosso PIX) para o próximo ano, ou no máximo em 2022. Pois, eles têm o “RTP” que é um tipo de “pagamento instantâneo”, mas um acesso aberto a “câmera de compensação”.

Segundo dados do BIS (Banco de Compensações Internacionais) devemos ter em média 50 países com sistemas de “pagamentos instantâneos”, considerando somente os países onde a transferência do dinheiro ocorre em tempo real (ou quase em tempo real), a transação possa ser feita 24 horas por dia e em 7 dias da semana, e que o usuário seja avisado instantaneamente quando o negócio foi efetivado.

Próximos Passos do PIX no Brasil
Avaliando os dados e números dos vários países em relação aos “pagamentos instantâneos”, fica fácil concluir que o PIX é algo que veio para ficar, e que estamos atrasados em relação a muitos outros países. Portanto temos que acelerar e aumentar a utilização do PIX.

Uma das formas para isto ocorrer é a utilização do PIX em transações comuns, como o pagamento de pequenas despesas entre as pessoas (rateio do churrasco, por exemplo) e o saque direto com o PIX. Desta forma as pessoas podem ir em lojas que aceitam o saque do dinheiro via PIX, sem precisar mais se dirigir a um caixa eletrônico (ATM) para retirar o dinheiro.

Com isso, os comerciantes teriam um ganho adicional, pois recebem uma taxa de remuneração por este tipo de operação. E nas operações de venda, a vantagem é a diminuição do custo e antecipação do recebimento, que hoje existe para as operações com cartões de crédito (+- 30 dias) e débito (1 a 2 dias). E com o PIX ocorre de forma imediata e com uma taxa muito menor.

Assim como o comércio, as indústrias e demais empresas esperam as novas funcionalidades do PIX com ansiedade, pois o novo modelo de pagamento irá facilitar bastante as operações diárias e a gestão financeira corporativa, permitindo simplificar e agilizar as operações financeiras com os fornecedores.

Dentre as funcionalidades, está o pagamento em lote. Imagine uma empresa que tenha que pagar 80 fornecedores no mesmo dia, com essa funcionalidade do PIX será possível fazer o pagamento por lote automaticamente.

Os melhores ERPs e Sistemas Financeiros já possuem módulos integrados ao pagamento via PIX, o que permite as empresas e ao varejo uma maior organização e automação, visto que quando o pagamento é efetuado, o valor é creditado direto na conta corrente da empresa. E o sistema de gestão pode fazer automaticamente a conciliação disto, evitando a perda de tempo com operações manuais de controle.

Portanto, a expectativa corporativa é alta. Mas sabemos que tudo que é novo leva um tempo para ser completamente implementado e utilizado por todos. Essa expectativa é grande também por parte do governo, que além do controle efetivo das operações, pretende economizar na emissão de papel moeda.

De acordo com a perspectiva do Banco Central, em 10 anos, os pagamentos instantâneos devem representar +- 20% das transações, movimentando entre R$ 727 bilhões e R$ 1,6 trilhão, reduzindo em 20% as operações com dinheiro em papel, que hoje representam 31% das operações. Mas esta expectativa pode ser bem menor do que a realidade, se tivermos o mesmo sucesso que ocorreu na Índia e China, por exemplo. Então poderemos ter estes números em bem menos tempo.

Por: Edilson Paterno
Diretor Comercial de Produto Datainfo

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